Em um dia desses o quinto ano da Professora Anete Muller estava meio tristonho pela sua ausência, ao notar tal sentimento e haver uma necessidade naquele momento, fui até a biblioteca e com uma caixa de livros voltei, com uma cara de espanto me olharam, pois ela, encapada, tinha escrita pelo lado de fora: terceiro ano.
Sendo eles do quinto ano, não gostaram da ideia de retornar a uma leitura que já não fazia parte de seu repertório, porém não sabiam eles que somente a caixa é que possui tal nome. Como qualquer local é lugar de leitura, pedi as tias da limpeza que passassem o pano sobre a mesa que eles mesmos tinham acabado de tomar o lanche, pedi que ali sentassem e espalhei os livros. No inicio meio encabulados pegaram os livros e somente as figuras olhavam, mas de repente, não mais que de repente, como nos dizia o autor, lá estavam eles, trocando livros, e as letras já os chamavam.
Assim é que uma aula de leitura acontece!
Poema "Aula de leitura"
Ricardo Azevedo
Escritor e ilustrador paulista nascido em 1949, é autor de mais cem livros para crianças e jovens
A leitura é muito mais
do que decifrar palavras.
Quem quiser parar pra ver
pode até se surpreender:
vai ler nas folhas do chão,
se é outono ou se é verão;
nas ondas soltas do mar,
se é hora de navegar;
e no jeito da pessoa,
se trabalha ou se é à-toa;
na cara do lutador,
quando está sentindo dor;
vai ler na casa de alguém
o gosto que o dono tem;
e no pêlo do cachorro,
se é melhor gritar socorro;
e na cinza da fumaça,
o tamanho da desgraça;
e no tom que sopra o vento,
se corre o barco ou vai lento;
também na cor da fruta,
e no cheiro da comida,
e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,
e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,
vai ler nas nuvens do céu,
vai ler na palma da mão,
vai ler até nas estrelas
e no som do coração.
Uma arte que dá medo
é a de ler um olhar,
pois os olhos têm segredos
difíceis de decifrar.
Poema extraído do livro: AZEVEDO, Ricardo. Dezenove poemas desengonçados. São Paulo: Ática,1999.
Sendo eles do quinto ano, não gostaram da ideia de retornar a uma leitura que já não fazia parte de seu repertório, porém não sabiam eles que somente a caixa é que possui tal nome. Como qualquer local é lugar de leitura, pedi as tias da limpeza que passassem o pano sobre a mesa que eles mesmos tinham acabado de tomar o lanche, pedi que ali sentassem e espalhei os livros. No inicio meio encabulados pegaram os livros e somente as figuras olhavam, mas de repente, não mais que de repente, como nos dizia o autor, lá estavam eles, trocando livros, e as letras já os chamavam.
Assim é que uma aula de leitura acontece!
Poema "Aula de leitura"
Ricardo Azevedo
Escritor e ilustrador paulista nascido em 1949, é autor de mais cem livros para crianças e jovens
A leitura é muito mais
do que decifrar palavras.
Quem quiser parar pra ver
pode até se surpreender:
vai ler nas folhas do chão,
se é outono ou se é verão;
nas ondas soltas do mar,
se é hora de navegar;
e no jeito da pessoa,
se trabalha ou se é à-toa;
na cara do lutador,
quando está sentindo dor;
vai ler na casa de alguém
o gosto que o dono tem;
e no pêlo do cachorro,
se é melhor gritar socorro;
e na cinza da fumaça,
o tamanho da desgraça;
e no tom que sopra o vento,
se corre o barco ou vai lento;
também na cor da fruta,
e no cheiro da comida,
e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,
e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,
vai ler nas nuvens do céu,
vai ler na palma da mão,
vai ler até nas estrelas
e no som do coração.
Uma arte que dá medo
é a de ler um olhar,
pois os olhos têm segredos
difíceis de decifrar.
Poema extraído do livro: AZEVEDO, Ricardo. Dezenove poemas desengonçados. São Paulo: Ática,1999.
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